domingo, 20 de abril de 2014

A SURDOCEGUEIRA E A MULTIDEFICIÊNCIA
A superação inicia a partir do primeiro encontro das emoções!

O que é?  Quais as Diferenças?
É possível definir a surdocegueira quando se refere a pessoas que têm perdas visuais e auditivas ao mesmo tempo e em graus diferentes.
 E denominada deficiência múltipla quando há a associação de duas ou mais deficiências, quer intelectual, visual, auditiva ou física comprometendo seu desenvolvimento de forma geral e sua capacidade de adaptação.
Não é a mesma coisa ser surdocega e ser multideficiente.
 Pessoas surdocegas podem interagir com o meio e com as pessoas quando têm oportunidade. Enquanto que, pessoas multi deficientes devido ao número de comprometimentos gerados de dificuldades comportamentais e emocionais, não conseguem fazer uso de todas as habilidades que possuem para concretizar essas ações. E isso, resulta em necessidades educacionais. Portanto não se trata de quantidade, mas comprometimento.
 Para o surdocego as informações precisam ser mediadas para serem recebidas e assim interpretadas. A recepção, portanto, não é de forma fidedigna. Pode-se dizer que por neutra que seja a mediação, ela é resultado de uma interpretação. No caso da pessoa com multideficiência as informações podem não chegar de forma fiel, devido por vezes aos comprometimentos não somente físicos como também, sensórios e psíquicos.
A surdocegueira também se diferença pelos canais sensoriais de entrada das informações, excluírem a visão e a audição. Enquanto na deficiência múltipla estes, estão presentes, mesmo que, não seja garantia de fidedignidade.
Apesar dos aspectos compartilhados a multideficiência diferencia-se nos aspectos relacionados às necessidades físicas e médicas que compromete os aspectos posturais e mobilidade; limitações na visão e audição; problemas de mastigação e deglutição, e saúde fragilizada entre outros. As necessidades emocionais que se relacionam a afetividade, interação com o meio e as pessoas, no estabelecimento dos laços de confiança.  E as educativas relacionadas aos ambientes limitantes, déficit de atenção, interpretação e generalização.
Outro aspecto é que a surdocegueira e a multideficiência podem ser congênita ou adquirida. Na surdocegueira a criança já nasce ou adquire antes da aquisição de uma língua ou quando já tinha adquirido uma língua, oral ou mesmo sinalizada (pré ou pós-linguisticos). A adquirida pode ocorrer em pessoas que nascem com visão e audição e tem perda total ou parcial de ambos; quando tem deficiência auditiva ou surdez congênita com perda visual adquirida; e perda visual ou cega congênita com deficiência auditiva adquirida.
Em relação à Multideficiência pensa-se em etiologia ou ciências das causas de uma determinada doença. Assim pode ser: pré-natais, resultado de doenças que ocorrem durante a gestação; Peri- natal, quando ocorrem durante o trabalho de parto, resultado a prematuridade; e pós-natal como efeito colateral de tratamentos aplicados. Enquanto a adquirida é resultado de acidentes ou doenças posteriores.

Necessidades básicas
As necessidades compartilhadas dizem respeito ao corpo como veículo para estar no mundo. “A partir e por meio dele, o homem descobre o mundo e a si mesmo”. (BOSCO, 2010). Daí a importância da construção de um esquema corporal, tornando o corpo harmonioso em seu equilíbrio, nos diferentes movimentos, na coordenação motora global e fina e na força muscular. (op.cit)
Os problemas motores por sua vez geram entraves para o uso das mãos, o que por sua vez compromete o acesso a um sistema estruturado de comunicação. Quando esse comprometimento for também neurológico ocorrerão também barreiras na aquisição da linguagem gestual e /ou simbólica.
Daí, “nas crianças com surdocegueira e com deficiência múltipla, a COMUNICAÇÃO é o aspecto mais importante e, por isso, deve-se focar nele toda a atenção na implementação do programa educacional/terapêutico”. (SERPA, 2002, p. 2)
Contudo, para o desenvolvimento da linguagem (qualquer que seja ela), a interação social se encontra intimamente ligada à comunicação Ou seja, sem comunicação adequada à interação é limitada e sem interação a comunicação não se desenvolve.

Estratégias utilizadas para aquisição da comunicação
As estratégias utilizadas para desenvolver a comunicação devem principalmente:
Organizar rotinas consistentes e estruturadas como forma que a criança antecipe os eventos e em sua interrupção favorecer a interação comunicativa como calendários com fichas e desenhos de atividades diárias, favorecendo a compreensão dos dias da semana, seqüência de atividades diárias e ampliação do vocabulário.
 Incrementar no ambiente escolar “uma vizinhança colaborativa social”. Este objetiva conceder ao aluno as oportunidades de interação, do contato e vínculo com as pessoas e com o meio. Além disso, participar no ambiente de sala regular de atividades em grupos com a finalidade de na interação avançar no nível de comunicação. (SERPA, 2002).
Privilegiar ao aluno participar de diferentes formas de comunicação (inclusive e iniciando pela não simbólica), como meio de operar no registro simbólico (comunicação receptiva e expressiva), organizar pensamentos e dar sentido as suas experienciais (VULA, 2008).
E finalmente e não menos importante as estratégias devem utilizar recursos que se estabeleçam como motivacionais para o aluno, como os diversos tipos de calendários, objetos de referência e as caixas de antecipação.


Para saber mais, consulte:

IKONOMIDIS, Vula Maria. Deficiência Múltipla Sensorial, 2010. Texto.

BOSCO, Ismênia C. M. Gomes; MESQUITA, Sandra Regina S. H.; MAIA, Shirley Rodrigues. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: surdocegueira e deficiência múltipla. MEC/SEESP. 2010. V.5.

Folheto FACT 3 – COMMUNICATION/Primavera 2005. O que é Comunicação? – 1 Department of Education 1877.453.2721 State Board of Elementary and Secondary Education.


SERPA, Ximena Fonegra, Comunicação para Pessoas com Surdocegueira. Tradução do livro Comunicación para Persona Sordociegas, INSOR-Colômbia 2002.