AUDIODESCRIÇÃO
JÁ
Tomei
emprestada a expressão-título de Marco Antonio Queiroz, consultor em
Acessibilidade Web que ficou cego aos 21 anos. Ao prefaciar o livro
Audiodescrição transformando Imagens em Palavras me encantei com as palavras,
sua poesia ao escrever, como também, seu conhecimento e capacidade para
transitar de Lívia Mota a Nietzsche.
Apresento
a vocês o curtametragem TamanduAbandeira
Audiodescrição (http://www.filmesquevoam.com.br/especial.php?filme=435).
De
forma simples ao tempo em que complexa, narra a história de um tamanduá que
deseja alcançar um formigueiro e com ele, uma linda fêmea convidando-o ao
acasalamento. Para isso necessita atravessar uma pista movimentada. Após várias
tentativas ele consegue, e com isso recebe o tão esperado prêmio.
Tudo
a ver com A Bandeira levantada por pesquisadores como Lívia Motta e outros em
relação a esse recurso de acessibilidade chamado de Audiodescrição
(AD). A descrição de imagens é descrita por Marco como ‘coisa
antiga’ realizada por pais, amigos, avós, mas profissionalmente é nova. Manoela
Cristina (2010) discutindo aspectos históricos apresenta a AD como uma
realidade na Europa e Estados Unidos e que no Brasil, somente nos últimos
trinta anos, vem ganhando visibilidade.
A Audiodescrição é um recurso de tecnologia
assistiva e pode ser pré-gravada, ao vivo ou simultânea. Consiste na tradução
de imagens em palavras, e essa tradução audiovisual permite potencialmente às
pessoas com deficiência visual e baixa visão participarem de entretenimentos
culturais como espetáculos de dança, peças teatrais, cinema, noticiários,
aulas, congressos, seminários e muitos outros (op. cit). Paulo Romeu Filho
descreve sua experiência ao deparar-se com um filme com esta realidade afirma: “Imediatamente compreendi o que era a audiodescrição e sua
importância como um recurso capaz de promover a inclusão dos cegos em um mundo
predominantemente visual”. (op.cit, p.39)
O
tamanduá superou, necessitou transpor barreiras e usufruir de um túnel
construído, proporcionando tranqüilidade para seu filhote em relação à comida.
Esse recurso fantástico permite incluir pessoas que são privadas do lazer e da
cultura, transformando-se em uma espécie de túnel que proporciona liberdade, autonomia
e bem-estar.
Como
recurso pedagógico no Atendimento Educacional Especializado (AEE), permite
trabalhar:
A) alunos com cegueira - a audiodescrição é
fator diferencial na compreensão dos diferentes elementos que compõem a
paisagem do curtametragem; o tato e explicação oral devem ser utilizados de
forma comparativa para conhecimentos em relação à textura, volume, tamanho, forma
do corpo, cauda, pelagem do tamanduá, suas garras, com um gato angorá, por
exemplo; outros aspectos como nariz pontudo (comparando com a tromba do
elefante) e língua fina de mais de 20 cm;
B) alunos com baixa visão - pode ser
utilizado a audiodescrição como elemento mediador na ampliação dos conhecimentos
e discussão relacionados ao texto; recontagem da história pelo aluno e
posterior escrita em caderno de pauta ampliada e leitura com uso do guia de
leitura; essa mesma atividade pode ser desenvolvida digitalizando o reconte no
editor de texto com fonte ampliada com o uso do Assistente de Acessibilidade do
Windows; montar álbum com imagens do tamanduá, habitat, peculiaridades como
alimentação, tempo de vida através de impressão ampliada das imagens ou mesmo o
uso de recurso como a lupa manual para detalhar diferentes aspectos.
O
curta privilegia também o trabalho com valores como persistência, perseverança,
construção de identidade, autoestima tão importantes para os alunos com
deficiência visual e baixa visão, deficiência intelectual, disléxicos e os
ditos normais. A AUDIODESCRIÇÃO ALCANÇA A TODOS!
Bibliografia:
BRASIL.
Nota Técnica, Nº. 21. Orientações para descrição de imagem na geração de
material digital acessível – Mecdaisy. MEC/SECADI/DPEE, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=10538&Itemid=.
MOTTA,
Lívia Maria Villela de Mello; FILHO, Paulo Romeu (Org.). Audiodescrição:
transformando imagens em palavras. São Paulo: Secretaria do Estado dos Direitos
das Pessoas com Deficiência, 2010. Disponível na opção LIVROS do site:www.vercompalavras.com.br.