quarta-feira, 4 de dezembro de 2013



AUDIODESCRIÇÃO JÁ

Tomei emprestada a expressão-título de Marco Antonio Queiroz, consultor em Acessibilidade Web que ficou cego aos 21 anos. Ao prefaciar o livro Audiodescrição transformando Imagens em Palavras me encantei com as palavras, sua poesia ao escrever, como também, seu conhecimento e capacidade para transitar de Lívia Mota a Nietzsche. 

Apresento a vocês o curtametragem TamanduAbandeira Audiodescrição (http://www.filmesquevoam.com.br/especial.php?filme=435).

De forma simples ao tempo em que complexa, narra a história de um tamanduá que deseja alcançar um formigueiro e com ele, uma linda fêmea convidando-o ao acasalamento. Para isso necessita atravessar uma pista movimentada. Após várias tentativas ele consegue, e com isso recebe o tão esperado prêmio. 

Tudo a ver com A Bandeira levantada por pesquisadores como Lívia Motta e outros em relação a esse recurso de acessibilidade chamado de Audiodescrição (AD). A descrição de imagens é descrita por Marco como ‘coisa antiga’ realizada por pais, amigos, avós, mas profissionalmente é nova. Manoela Cristina (2010) discutindo aspectos históricos apresenta a AD como uma realidade na Europa e Estados Unidos e que no Brasil, somente nos últimos trinta anos, vem ganhando visibilidade.

 A Audiodescrição é um recurso de tecnologia assistiva e pode ser pré-gravada, ao vivo ou simultânea. Consiste na tradução de imagens em palavras, e essa tradução audiovisual permite potencialmente às pessoas com deficiência visual e baixa visão participarem de entretenimentos culturais como espetáculos de dança, peças teatrais, cinema, noticiários, aulas, congressos, seminários e muitos outros (op. cit). Paulo Romeu Filho descreve sua experiência ao deparar-se com um filme com esta realidade afirma: “Imediatamente compreendi o que era a audiodescrição e sua importância como um recurso capaz de promover a inclusão dos cegos em um mundo predominantemente visual”. (op.cit, p.39)

O tamanduá superou, necessitou transpor barreiras e usufruir de um túnel construído, proporcionando tranqüilidade para seu filhote em relação à comida. Esse recurso fantástico permite incluir pessoas que são privadas do lazer e da cultura, transformando-se em uma espécie de túnel que proporciona liberdade, autonomia e bem-estar.  

Como recurso pedagógico no Atendimento Educacional Especializado (AEE), permite trabalhar:
A) alunos com cegueira - a audiodescrição é fator diferencial na compreensão dos diferentes elementos que compõem a paisagem do curtametragem; o tato e explicação oral devem ser utilizados de forma comparativa para conhecimentos em relação à textura, volume, tamanho, forma do corpo, cauda, pelagem do tamanduá, suas garras, com um gato angorá, por exemplo; outros aspectos como nariz pontudo (comparando com a tromba do elefante) e língua fina de mais de 20 cm;    
B) alunos com baixa visão - pode ser utilizado a audiodescrição como elemento mediador na ampliação dos conhecimentos e discussão relacionados ao texto; recontagem da história pelo aluno e posterior escrita em caderno de pauta ampliada e leitura com uso do guia de leitura; essa mesma atividade pode ser desenvolvida digitalizando o reconte no editor de texto com fonte ampliada com o uso do Assistente de Acessibilidade do Windows; montar álbum com imagens do tamanduá, habitat, peculiaridades como alimentação, tempo de vida através de impressão ampliada das imagens ou mesmo o uso de recurso como a lupa manual para detalhar diferentes aspectos.

O curta privilegia também o trabalho com valores como persistência, perseverança, construção de identidade, autoestima tão importantes para os alunos com deficiência visual e baixa visão, deficiência intelectual, disléxicos e os ditos normais. A AUDIODESCRIÇÃO ALCANÇA A TODOS!

Bibliografia:
BRASIL. Nota Técnica, Nº. 21. Orientações para descrição de imagem na geração de material digital acessível – Mecdaisy. MEC/SECADI/DPEE, 2012. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=10538&Itemid=

MOTTA, Lívia Maria Villela de Mello; FILHO, Paulo Romeu (Org.). Audiodescrição: transformando imagens em palavras. São Paulo: Secretaria do Estado dos Direitos das Pessoas com Deficiência, 2010. Disponível na opção LIVROS do site:www.vercompalavras.com.br.

3 comentários:

  1. Olá Rute,

    Ótima atividade, você foi muito sensível a essa bandeira levantada ao tecer seus comentários.

    Parabéns!

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  2. Oi Rute,
    Cada vez mais aprendemos que os recursos de Tecnologia Assistiva estão disponíveis para ultrapassar as barreiras impostas pelas deficiências. A audiodescrição é indisponível para trabalhar com atividades entendidas como exclusivamente visuais, como um vídeo por exemplo.
    Como você muito bem falou em seu post vamos levantar essa bandeira: audiodescrição já! Parabéns pela atividade sugerida.

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