A PESSOA COM SURDEZ: os caminhos do AEE
e
sua escolarização
A educação da pessoa com surdez tem avançado
nas últimas décadas. O embate antigo entre gestualistas e oralistas guiou
durante muito tempo as práticas pedagógicas utilizadas no processo de
escolarização desses indivíduos. Ao longo do tempo foi-se percebendo que os entraves
precisavam ser quebrados. Essa construção teórica objetiva refletir sobre os
aspectos que compõem as novas idéias à luz do referencial teórico de Damázio.
A
quebra de paradigmas acompanha a pós-modernidade. A visão fragmentada, de
homem, sociedade, cultura e linguagem apontam para a superação e inclusão de
todos. O Paradigma da inclusão deve acreditar no biológico, mas não na parte
com deficiência; essa parte que o limita é também a que pode ser expandida
através dos processos neurosensoriais-perceptivos; e finalmente não deve aceitar
ser reduzido a dados culturais.
Para isso muitos aspectos precisam ser
revistos. A Nova Política de Educação Especial aponta para as práticas de
ensino e aprendizagem e para o próprio ambiente escolar como aspectos que
necessitam de mudanças. As propostas apontam para a superação dicomizante entre
pessoas com surdez e ouvintes. Isso promove o rompimento de disputas
anteriores.
Sob
esta nova ótica a Língua de Sinais pode ocupar lugar de destaque. No entanto,
não deve colocar-se como motivo para exclusão do próprio sujeito com surdez. É
ele que deve agir, produzir e interagir como indivíduo, gerando seu próprio
conhecimento e crescimento. Ao pensar a
pessoa com surdez a luz do pensamento pós-moderno, ocorre a denominada
descentração.
Isso
nos faz pensar num sujeito com surdez não reduzido ao chamado mundo surdo, com
identidade e a cultura surda, mas numa com potencial a ser estimulado e
desenvolvido nos aspectos cognitivos, culturais, sociais, e lingüísticos [...]
(p.48).
Assim,
as práticas pedagógicas devem voltar-se para o desenvolvimento das
potencialidades do aluno em um ambiente de inclusão. A autora discute a
tendência bilíngüe como aquela promotora da desclausuração da pessoa surda. O
ensino de Libras e da Língua Portuguesa deve ir além dos aspectos estruturais
da língua. Assim, a morfologia, sintaxe, semântica, fonologia devem ser
ensinados sem excluir entre outros os aspectos históricos e culturais dessas
línguas.
Entrelaçados
a esse processo está, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), para
pessoas com surdez. Sob a ótica da inclusão, os conhecimentos curriculares
devem ser estruturados, gerando a base para o progresso do aluno.
O
AEE em Libras ocorre em contra turno, diariamente e com professor com formação
em Língua de Sinais. Nesse momento, rico em imagens visuais e outros recursos,
os conteúdos curriculares são apresentados ao aluno de forma contextualizada em
Língua de Sinais e antecipadamente à sala comum. O segundo momento é o AEE de Libras. Este
momento é especifico ao ensino de Libras ao aluno quando necessário e após o
diagnóstico. A qualificação do professor
e/ou instrutor de Libras é essencial, pois, pode ser necessária a criação de
termos científicos, utilizados nas aulas. O terceiro momento é o AEE em Língua
Portuguesa. Neste, o professor com formação especifica na disciplina irá
ensinar português de preferência na modalidade escrita.
Finalmente
podemos concluir que os novos paradigmas muito contribuíram para o sucesso da
escolarização do aluno com surdez. Esta ótica trouxe nova perspectiva à
Educação Especial. Assim, a Inclusão como proposta e Lei, exige mudanças nas
práticas pedagógicas, na adequação curricular e acima de tudo na postura dos
profissionais da educação que atuam na no ambiente escolar.
Referências
Bibliográficas
DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com
Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista
Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.
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