quarta-feira, 19 de março de 2014

A PESSOA COM SURDEZ: os caminhos do AEE
e sua escolarização

A educação da pessoa com surdez tem avançado nas últimas décadas. O embate antigo entre gestualistas e oralistas guiou durante muito tempo as práticas pedagógicas utilizadas no processo de escolarização desses indivíduos. Ao longo do tempo foi-se percebendo que os entraves precisavam ser quebrados. Essa construção teórica objetiva refletir sobre os aspectos que compõem as novas idéias à luz do referencial teórico de Damázio.
A quebra de paradigmas acompanha a pós-modernidade. A visão fragmentada, de homem, sociedade, cultura e linguagem apontam para a superação e inclusão de todos. O Paradigma da inclusão deve acreditar no biológico, mas não na parte com deficiência; essa parte que o limita é também a que pode ser expandida através dos processos neurosensoriais-perceptivos; e finalmente não deve aceitar ser reduzido a dados culturais.
Para isso muitos aspectos precisam ser revistos. A Nova Política de Educação Especial aponta para as práticas de ensino e aprendizagem e para o próprio ambiente escolar como aspectos que necessitam de mudanças. As propostas apontam para a superação dicomizante entre pessoas com surdez e ouvintes. Isso promove o rompimento de disputas anteriores.
Sob esta nova ótica a Língua de Sinais pode ocupar lugar de destaque. No entanto, não deve colocar-se como motivo para exclusão do próprio sujeito com surdez. É ele que deve agir, produzir e interagir como indivíduo, gerando seu próprio conhecimento e  crescimento. Ao pensar a pessoa com surdez a luz do pensamento pós-moderno, ocorre a denominada descentração.

Isso nos faz pensar num sujeito com surdez não reduzido ao chamado mundo surdo, com identidade e a cultura surda, mas numa com potencial a ser estimulado e desenvolvido nos aspectos cognitivos, culturais, sociais, e lingüísticos [...] (p.48).

Assim, as práticas pedagógicas devem voltar-se para o desenvolvimento das potencialidades do aluno em um ambiente de inclusão. A autora discute a tendência bilíngüe como aquela promotora da desclausuração da pessoa surda. O ensino de Libras e da Língua Portuguesa deve ir além dos aspectos estruturais da língua. Assim, a morfologia, sintaxe, semântica, fonologia devem ser ensinados sem excluir entre outros os aspectos históricos e culturais dessas línguas.
Entrelaçados a esse processo está, o Atendimento Educacional Especializado (AEE), para pessoas com surdez. Sob a ótica da inclusão, os conhecimentos curriculares devem ser estruturados, gerando a base para o progresso do aluno.
O AEE em Libras ocorre em contra turno, diariamente e com professor com formação em Língua de Sinais. Nesse momento, rico em imagens visuais e outros recursos, os conteúdos curriculares são apresentados ao aluno de forma contextualizada em Língua de Sinais e antecipadamente à sala comum.  O segundo momento é o AEE de Libras. Este momento é especifico ao ensino de Libras ao aluno quando necessário e após o diagnóstico.  A qualificação do professor e/ou instrutor de Libras é essencial, pois, pode ser necessária a criação de termos científicos, utilizados nas aulas. O terceiro momento é o AEE em Língua Portuguesa. Neste, o professor com formação especifica na disciplina irá ensinar português de preferência na modalidade escrita.  
Finalmente podemos concluir que os novos paradigmas muito contribuíram para o sucesso da escolarização do aluno com surdez. Esta ótica trouxe nova perspectiva à Educação Especial. Assim, a Inclusão como proposta e Lei, exige mudanças nas práticas pedagógicas, na adequação curricular e acima de tudo na postura dos profissionais da educação que atuam na no ambiente escolar.


Referências Bibliográficas
DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p.46-57.

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